sexta-feira, 28 de maio de 2010

TOCHAS DE TENTÚGAL


Há comidas que só compro para ter o prazer de as fotografar. Mas, depois, também as como...

terça-feira, 25 de maio de 2010

SENHORA DA SAÚDE LÁ EM CIMA




Foi repentino. Havia que subir até lá acima para registar as merendas das festas da Senhora da Saúde em São Pedro de Agostém, Chaves. No passado, as merendas que se levavam de casa para as festas  não tinham uma estrutura rígida nem obrigavam a uma comida principal, embora as carnes assadas, o fumeiro e o pão fossem elementos constantes.

Íamos à Senhora da Saúde em São Pedro. O meu pai adorava, não sei porquê, mas ele tinha uma ligação grande àquela terra. Levava-se uma grande merenda. Levavam-se toalhas, estendiam-se as toalhas. Era muita gente. Levava-se salpicões, linguiças, frango assado, galo, peru, o que havia. Carnes, sobretudo carnes e pão para acompanhar. Era comida de dedos. (Zita, 8-1-2008)

Merendar nas festas da Senhora da Saúde implicava, à semelhança do que acontecia nas outras romarias, partilhar se não a comida pelo menos a proximidade espacial com conhecidos e amigos que se encontravam por acaso ou quem se tinha combinado o encontro dias antes.

A minha sogra ia à Senhora da Saúde porque é a santa padroeira da aldeia dela. Íamos lá comer. Toda a gente leva merendas. Levávamos quase sempre carne assada, fazia-se folar, os bolos, vinho, jeropiga, mas não se usavam talheres. Mas como o meu sogro era tão conhecido, às vezes nem a merenda tirávamos do carro, porque nos chamavam para comer com eles. (Natália, 1-5-2007)

Partilhava-se, isso sim, e ainda se partilha, a expetativa do temporal. De facto, diz-se que não há Senhora da Saúde sem uma fortíssima trovoada seguida de uma intensa chuvada. Espera-se, contudo, que o temporal não suceda nem na noite de domingo, enquanto se faz a procissão das velas, nem no dia seguinte, quando saem os andores em procissão pela aldeia e, depois, enquanto se tomam as merendas.

As merendas do passado, que se preparavam e se traziam de casa, parecem ter sido substituídas parcialmente por comidas de barraca. Junto à igreja da Nossa Senhora da Saúde, dias antes da festa, vão chegando camionetas, roulotes e atrelados de comidas e bebidas. A oferta inclui frangos assados, bifanas, polvo, pipocas e algodão doce, cachorros quentes, gelados, pão, queijo, cerejas e bolos. Mas também há camionetas de atoalhados que se vendem quando a voz do padre Ladislau termina o sermão. Nessa altura, os vendedores ambulantes pegam nos megafones e iniciam a venda da mercadoria substituindo os sons sagrados pelos sons profanos.

Alguns dos comerciantes vêm à festa há já muitos anos. Não somente à Senhora da Saúde. Voltam, também, por ocasião do São Caetano e dos Santos. Dona Ana vem com o marido todos os anos a estas três festas desde há muito tempo. Vêm de Lousada e carregam a camioneta com os bolos que a família já faz há quatro gerações. Trazem, entre muita variedade, as regueifas doces. Têm clientes que lhes compram os bolos ano após ano e que já são tratados pelo nome próprio. Mas há quem prefira sentar-se nas tendas onde se assam os frangos e se coze o polvo que depois é servido em pratos de madeira. São sobretudo os homens que o fazem, transformando as tendas em territórios masculinos. Alguns aguardam as mulheres que estão dentro da igreja a assistir à missa. Depois, reunir-se-ão ao resto da família e partilharão uma manta estendida no chão do pinhal ali ao lado e comidas trazidas de casa e compradas na festa.





Foi repentino. Mas há sempre tempo para visitar os amigos que lá se deixaram. Na bagagem vieram acelgas, framboesas e groselhas que já plantei hoje de manhã enquanto o calor não apertava. Também vieram comidas lá de cima. Perguntou-me a Lila, da Pastelaria Maria: Porque não faz lá na Figueira o folar de Chaves? Fartava-se de ganhar dinheiro...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

RITUAL


Gosto de passar pelo quintal e roubar uma rosa para perfumar a minha casa. Além de que as rosas combinam bem com as pulseiras da Adriana :)



domingo, 16 de maio de 2010

SAPATEIRA

Não tenho tido muito tempo para fazer comidas. Os dias começam muito cedo. Tenho um quintal cheio de árvores de fruta e muitas ervas daninhas no chão. Há que usar a motosserra para cortar os ramos mais grossos de árvores que cresceram sem norte e cavar, cavar, cavar para limpar o terreno e poder começar, dentro de um par de semanas, a plantar alguns legumes. Depois, ainda da parte da manhã, há móveis para restaurar. É toda uma rotina que inclui lixar e pintar e que parece não ter fim.


Já recuperei duas mesas de apoio (fotos para breve!) e este armário que transformei em sapateira. Não foi nada complicado. Lixou-se toda a superfície (o interior também!), aplicou-se o primário e depois foi pintar e lixar entre cada demão...e foram umas quatro demãos! Como não tenho jeitinho nenhum para a costura, a almofada foi feita numa loja aqui na Figueira. Hoje fui a Coimbra e comprei os puxadores. Estou muito satisfeita com o resultado final...mas ainda falta recuperar tantos móveis!


Não sei se este não será o móvel menos simpático da casa...é que acho muito adequada aquela prática cultural que vigora, por exemplo, na Dinamarca e que sugere que se tirem os sapatos quando se entra em casa :) A minha viagem a Copeganha em 2008 tinha de dar frutos! Agora só me falta comprar os chinelos para as visitas!
Tantas horas matinais dedicadas aos trabalhos agrícolas e ao restauro podiam cansar-me para o resto do dia. Mas não! Enquanto ando entretida, penso nos problemas teóricos que a tese me suscita e ganho energias para dedicar as tardes à escrita. Doze capítulos já foram escritos e revistos e agora entro, finalmente, na última parte da tese: a que é dedicada ao património alimentar :)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

MIGAS DE BROA DE MILHO, FEIJÃO MANTEIGA E COUVE


Uma broa de milho amarelo comprada ontem em Montemor-o-Velho. Algumas folhas das couves do quintal. Feijão manteiga posto de molho durante a noite. Haverá comida mais simples de preparar?
Coze-se o feijão e reserva-se. Esfarela-se um pedaço de broa em pedaços grossos. Pica-se a couve em tiras fininhas e levam-se a cozer em muito pouca água com sal uns breves minutos. Para ficarem ligeiramente crocantes.
Depois, cobre-se o fundo de uma panela com azeite, picam-se alguns dentes de alho e leva-se ao lume para estalar. Junta-se a couve escorrida, o feijão, um pouco da água de cozer o feijão e, por último, a broa esfarelada. Apuram-se os temperos, aumenta-se o lume e vai-se mexendo até todo o líquido ser absorvido. Não demora mais do que uns minutos.
Finalmente, polvilha-se com cebolinho picado. É reconfortante...mas dá uma moleza pós prandial que é uma desgraça :)

71

Ontem, mamãe fez 71 anos. Mal se levantou e abandonou seus aposentos, já eu a esperava com o presente. Uma foto tirada no Dia da Mãe. Depois dos beijinhos habituais ("ai, minha rica filha que é tão esgroviada"), ainda fui ao quintal caçar flores para lhe oferecer.



Ao final do dia, depois de um almoço nos Patinhos, em Montemor-o-Velho (gosto tanto quando o empregado de mesa percebe as minhas opções alimentares e me presenteia com uma salada verdadeiramente digna de constar na lista dos melhores restaurantes vegetarianos), mamãe pediu mais fotos...é tão vaidosa!

sábado, 8 de maio de 2010

GELADO DE KEFIR COM FRUTOS SILVESTRES

De todos os brancos, o branco cor de nata é, seguramente, o meu preferido. É uma cor que apetece acariciar, que parece combinar a dose certa de transgressão e sensualidade com uma timidez difícil de ultrapassar e que me faz logo pensar numa sobremesa refrescante tomada à sombra de uma nogueira em flor.

Quando há dias interrompi a hibernação do kefir, já sabia que era com natas, e não com leite, que queria fazer novas experiências. Testar texturas e sabores sem ser excessivamente minuciosa nas quantidades. Seguir o instinto…


Misturei o kefir com 600 ml de natas frescas e 200 ml de leite gordo e reservei num recipiente de plástico deixando a tampa ligeiramente destapada*. Ao fim de 48 horas, escorri o kefir e misturei cerca de 250 grs. de açúcar e cerca de 300 grs. de frutos silvestres congelados. Envolvi suavemente, coloquei num recipiente hermético e levei ao congelador.

Hoje, depois de um creme de favas com croutons caseiros, ovo escalfado e coentros picados, apeteceu-me uma sobremesa refrescante tomada à sombra de uma nogueira em flor...infelizmente, chovia torrencialmente! E, no meu quintal, também não há nogueiras!

Mas desfrutei, enroscada no sofá, um gelado branco cor de natas tingido de amoras, framboesas e mirtilos pecaminosos…hum...delicioso...



* Segui os procedimentos habituais para fazer kefir: juntar o kefir ao líquido, não usar recipientes nem utensílios de metal, deixar a tampa do recipiente ligeiramente destapada e abanar suavemente o recipiente de vez em quando.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

40


Pedi uma cabra anã e um ganso bebé, mas claro, nunca ninguém me leva a sério...




Para além das rosas que, juntamente com as camélias, são das minhas flores favoritas (não é à toa que sou fã do óleo de rosas), também tive direito a bolo e gelado da Emanha. Já tinha provado, o ano passado, o gelado de kefir. A questão é que, entretanto, ressuscitei o meu kefir que estava a hibernar no frigorífico desde que voltei para a Figueira, há mais de um mês. Estou em fase de produção de um gelado de kefir com frutos silvestres. E preciso de fazer comparações :)



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Sou uma antropóloga que só pensa em comida...
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